06/07/2012

BRAVO! BRAVO! BRAVO! e mais BRAVO!

Queridos Amigos,

Por favor leiam este post a ouvir estas músicas.












A primeira das gravações é do Vinicius de Morais com a Amália a cantarem juntos e  que foi gravado precisamente neste encontro na casa de Amália e que agora é recriado MAGISTRALMENTE por Filipe La Féria.
Foi ontem, estreia de "Uma noite na casa de Amália".
O novo e imperdível espectáculo do Filipe La Féria.
Confesso que me emocionei às lágrimas.
Um regresso a 1968. Amália Rodrigues. Maluda. Ary dos Santos. Natália Correia. David Mourão Ferreira. Vinicius de Morais. Alain. E a Casimira, empregada, governante, secretária, confidente de Amália.
Que interpretações! Não há como as qualificar porque são arrasadoras. Todas. Sem excepção.
Que regresso ao passado meu Deus! Mas a um passado do melhor que houve, nessa época, em Portugal. Em genialidade, poesia, música, cultura, boémia e muita, muita profundidade.
A  encenação, para tempos de crise, é de excelência, com os azulejos originais iguais ao da casa da Amália.
As caracterizações nem se fala. Roupa, como sempre, da Ermelinda Farmhouse.
A Vanessa Silva ARREBATADORA no papel da Amália Meus Deus!.
E a comoção com as canções proibidas, como mãe negra, cantada pela Maluda.
E a cena do soldado que vai para a guerra daí a um par de horas. E a canção do Zeca Afonso cantada pelo vozeirão da Amália (Vanessa Silva), o soldado com aquela farda que eu já não me lembrava e que era a dos soldados que iam para a guerra e chorei porque o meu Pai esteve na guerra e despediu-se da minha irmã mais velha (a única filha na altura) tinha ela oito meses e da minha mãe que cá deixou, a mulher da vida dele. Esteve mais de dois anos seguidos, quase três, na guerra, em Angola, no mato. E o soldado com aquela farda com a boina presa na presilha do ombro, como eles iam todos para a guerra e aquela despedida e aquelas canções.
E uma das "cantigas d'amigo", trovadoresca, cantada em fado, com a mesma letra e pronúncia do tempo, numa união de passado e futuro que é absolutamente surpreendente!
E aquelas frases que ficaram para sempre. Do irreverente, profundo e ultra boémio José Carlos Ary dos Santos: "Quem faz um filho, fá-lo por gosto". Escândalo para a altura, mas hoje não podia ser mais verdade (e é pena que não haja tantos "gostos" destes). Ele que diz que era comunista mas de origem czarina, com imenso sentido de humor.
E quando o Alain que vai sair do país e fugir para França diz à Amália que "talvez a sua voz seja o meu Portugal".
E aquela frase célebre da Natália Correia: "ó subalimentados do sonho: a poesia é para comer!" Lembram-se?
E as músicas cantadas pelo Vinicius e pela Amália que terminam com" não há você sem mim e eu não existo sem você", num casamento entre fado e bossa nova absolutamente arrebatador e maravilhoso.
E da  Amália: "deixo que a vida me viva".
E quando, o Vinicius acaba por perguntar: "de onde vem o vosso medo, Portugueses?" e vai concluindo "vocês deviam voltar de novo para o centro do cenário internacional". Eu acho que sim. E que isso se aplica a agorinha mesmo. Nós que demos mundos ao mundo.
E, já no fim, quando se despedem e a Amália fica sozinha e canta o fado do medo. Esse que aqui vos deixo, cujo poema é do Alexandre O'Neil e não podia ser mais profunda a letra.
Eram estes azulejos estavam no cenário!



O encontro entre eles todos, agora encenado pelo Filipe La Féria e com textos dele, foi mesmo realizado lá na casa da Amália em 1968.


Como eu gostava de trazer para aqui uma das canções, das frases tão marcantes deste espectáculo.
Penso que, até hoje, é o melhor espectáculo do Filipe La Féria. O meu marido, N, achou que sim e veio de lá a dizer que era "espectacular".
Eu também acho que sim. Por tudo e mais alguma coisa. Mas porque também nos traz um Portugal de volta que, de certa forma, nos anda a fazer tanta falta....
E depois: é imperdível. Do melhor que há. A voz  da Vanessa Silva a fazer de Amália e a encher aquela sala não me vai sair tão depressa da cabeça e do  coração.
O que é Português, neste caso, não  é bom, é de excelência para cima.

http://www.teatro-politeama.com/amalia.asp

E agora deixo aqui duas gravações feitas na casa da Amália nesse encontro: um poema lido por Ary dos Santos e outro pela Natália Correia. Que bom haver gravações deste serão!








Esta última tem história, mas não a vou contar aqui.

Beijinhos da Maria.

1 comentário:

Anónimo disse...

Acabei de ver a apresentação no telejornal, fico desejosa de ir ver este espectáculo.
La Féria é Português tem artistas portugueses e o que faz, faz muito bem.