18/09/2012

Carta aberta ao Sr. Presidente da C.M. de Lisboa que não lê o meu blogue porque a especialidade dele é mais trânsito.

 Exmo. Sr. Dr. António Costa, Presidente da Câmara Municipal de Lisboa,
Venho aqui ao meu blogue, que o Sr. Presidente não lê porque a sua especialidade é mais trânsito rodoviário, dizer-lhe que conseguiu a proeza - que mais nenhum político conseguiu! - de eu pensar em si pelo menos duas vezes por dia, muito tempo de cada vez: o tempo que demoro a atravessar o Marquês do Pombal e ir percorrer as ruas de Lisboa, pela Estefânia e outras que tais quando eu apenas queria andar 100 metritos em linha recta - linha retinha mesmo!

E depois também me vou lembrar do Sr. Presidente de cada vez que for ali à bomba da gasolina.
E também me vou lembrar de si de cada vez que pensar que tenho à minha espera o trabalho (de manhã) ou a minha família (à noite) para jantar enquanto eu estou ali naquela maravilhosa fila de trânsito lateral do Marquês que não anda nem desanda, durante tempos infindáveis, num para-arranca que só me lembra - outra vez! - o Sr. Presidente. O arranca quando pensei que até se andava a portar bem e a pôr as contas da
Câmara em dia, o que a mim até me mexe nos meus bolsitos. E no pára que é andar a fazer este experimentalismo que me volta a mexer nos bolsitos de muitas maneiras, mas em sentido inverso. E, já agora, me anda a mexer com os nervos. Porque, veja bem: uma mulher tem de trabalhar e fazer o jantar e isso não se consegue fazer no meio das filas experimentais do Marquês. Podia levar os tachos comigo no carro, mas onde cozia as batatas? E depois, vê-se assim impossibilitada de cumprir a sua missão nesta terra que é trabalhar e tratar da família e fica à beira de um ataque de nervos, mas à beirinha mesmo, e isso depois até pode dar mesmo doença dos nervos e ficar crónica, já viu? Depois até posso mandar-lhe a conta do experimentalismo "psi", pode ser?
E não percebo uma coisa: sempre ouvi dizer que a maior poluição é quando há muito trânsito e no para-arranca. Mas o Sr. presidente disse que as alterações foram feitas para ter menos poluição: sou eu que sou burra ou o Sr. presidente não se explicou bem? Vê? Lá estou eu a pensar em si, neste caso na sua inteligência superior e inatingível, pelo menos por uma mulher nervosa. Olhe que uma mulher nervosa não pensa e quanto mais tempo está nervosa pior é (fala a experiência, sabe?).
E pronto: aqui tem uma mulher a pensar em si Sr. Presidente. É verdade que é uma mulher à beirinha de um ataque e de ficar com doença dos nervos, mas mesmo assim, uma mulher. Espero que, ao menos, isso o faça feliz.
Cumprimentos mas só com votos de melhor assessoria e iluminação à hora de decidir, pode ser?
Da sua munícipe que pensa muito - mas mesmo muito - em si,
Maria

4 comentários:

Anónimo disse...

Adorei!! Devia lesmo enviar-lhe a carta!!
Luísa

Maria disse...

Se consegui enviar carta à Hermés que é lá para os lados de Paris de França (que foi muito bem educada e me respondeu!), não havia esta de chegar ao Sr. Presidente aqui mesmo da Câmara de Lisboa? Vai-lhe chegar às mãos, sim.

Fernando Vouga disse...

Olá Isabel

Esta sua belíssima carta parte do pressuposto que as obras em geral são para beneficio público. Puro engano. As obras são feitas com a finalidade primária de financiar os partidos. Por vezes têm também finalidades eleiçoeiras. Porque é através das construtoras, que normalmente lidam com quantidades inimagináveis de dinheiro vivo (...), que entra dinheiro para os partidos e para os bolsos dos partidários.
Como se sabe, ninguém corrompe com transferências bancárias...
Esta obra terá, em princípio, o condão obrigar a medio prazo a grandes modificações, tal é a asneira. E lá virá outro concurso, outra derrapagem, outros dinheiros por debaixo da mesa.
Está a topar?
Saudades

Maria disse...

Sim Fernando estou mesmo a topar e é isso que me põe à beira de um ataque de nervos. Ainda por cima, não imagina as obras que foram necessárias para estas alterações "em experiência"! E as que vão ser necessárias para as alterar. O que confirma o que o Fernando diz.... Um abraço de saudades!