24/03/2014

Foi uma bofetada de luva branca. Mas era do que precisava e fez-me bem. E (outras) coisas da minha vida...

Hoje, no ginásio (sim, não sei porquê, o ginásio é uma fonte de inspiração), entre encontrões de balneário com cacifos exíguos, acabei por perceber que quem estava ali era a Sofia. Uma miúda que, pela aparência, podia ser minha filha. Miúda de ar feliz e bem resolvido. "Olá! Não sabia que era a Sofia que estava aí". Ela: "Olá! está boa?" Eu: "Fazemos por isso... mas com este tempo, como podemos estar bem?" Ela: "o que é importante é o sol que temos dentro de nós."
Bofetada de luva grande me deu esta miúda. E nem ela percebeu. E eu vim daquele ginásio a sentir a urgência de me isolar para perceber que nuvens negras, dentro de mim, ensombram o sol que está na minha alma. E eu tenho esse Sol da minha alma. E essas nuvens impedem que eu seja luz para os outros. A luz que eles precisam. "Mea culpa, mea culpa, mea culpa,...)
Há muito tempo que não levava um encontrão assim, sem esperar. Mas muito eficaz. Eu acho que todos devíamos levar um encontrão destes para perceber que temos de parar para pensar.Necessidade de isolamento, introspecção, reflexão, meditação. Eu chamo-lhe oração. Oração urgente para perceber o que se anda a passar por aqui. Porque isso é que é importante para a nossa vida, incluindo a do dia a dia. Não é o mais urgente mas é seguramente o mais importante.

Tenho agora em cima da secretária um acórdão do Supremo Tribunal Administrativo. Desta vez os interesses que eu defendia decaíram. Perdi. Mas perdi bem. Porque este é um acórdão exímio, pensado, cuidado, dá-me as razões - num longo raciocínio de quem quer chegar à Verdade e à Justiça - e  tomou partido na discussão jurídica de um tema muitíssimo complexo. Fê-lo contra as pretensões que eu patrocinava. Mas fê-lo bem. Ponderadamente, analisou, uma por uma, as questões que estavam em causa e que lhe haviam sido submetidas à apreciação. Por mim e pela outra parte. E senti-me bem. E o meu Cliente também. Ficamos conformados e com a sensação de que se fez justiça. As coisas quando são explicadas - bem explicadas, com sabedoria, ponderação, discernimento, ciência - entram nas pessoas porque todas as pessoas são inteligentes e existe nelas uma aptidão natural, que vem da razão, para chegar à verdade. E para isso é preciso mostrar a verdade. Assim mesmo: com ciência, com sabedoria, com ponderação, com discernimento, sabendo ouvir (escutando) as razões das pessoas. O resto é só uma questão de paciência, de saber respeitar o ritmo de cada um. Com a certeza de que lá chegarão: à verdade, ao belo e, no que toca ao tema deste blog, à elegância. Com "assobios nas curvas", com certeza. Com erros com certeza. Mas lá chegarão. E isso é que importa.
Beijo da Maria.

2 comentários:

Anónimo disse...

Muito bom mary. bjs. alexandra.

Maria disse...

Obrigada querida Alexandra.