21/01/2013

Prostituição.

Queridos Amigos,
Foi há uns dias que vi uma reportagem na televisão em que o jornalista foi sincero e disse que ia mostrar os argumentos para legalizar a prostituição. Vá lá... Foi honesto nessa parte.
Depois aparecem-me umas sonsas de vozinha fininha e mansinha em que tentaram passar a mensagem da trampa que queriam. Em cada frase de 10 palavras disseram 13 vezes (mínimo) a palavra "trabalhadoras" e "profissionais".
Venho aqui ao meu blog dizer a essas sonsinhas ligadas ao instituto Piaget(!!!! sim: eu ouvi bem!) que vão ofender as mãezinhas delas.
Eu sou profissional. Eu sou trabalhadora. Não sou p...
Que vão chamar esse nome às mãezinhas delas e a elas próprias.
Não confundam é profissionais e trabalhadores com prostitutas.
Já dizia o povo: "filhos da prostituta" são elas (eu prometi a mim mesma que não digo asneiras neste blog e não vou dizer). E vêm com a teoria de que, assim, a actividade passava a ser taxada. Como se algum galfarro mentecapto fosse fazer o servicinho e pedisse factura e nós todos acreditássemos nisso. Factura electrónica e tudo o resto: no mês seguinte está no site das Finanças e podia até ser consultada e tudo - maravilha! -   e daqui a pouco até dedutível no IRS.
Pensam que por dizerem vinte vezes uma barbaridade ela passa a ser verdade!
Profissionais! Prostitutas (para não dizer o nome mesmo, mais uma vez porque prometi a mim mesma que não dizia asneiras neste blog) que também começa por um p... mas não tem nada a ver com profissionais e trabalhadoras e a mim, que o sou, ofende-me. Por acaso ofende. Havia de as obrigar a pedir  desculpa a todas as mulheres honestas.
Raça de víboras vestidinhas de carneirinhas, heim?
Badalhocas!
Beijinho da Maria.
PS: Para que não fiquem dúvidas, eu tenho uma dó IMENSA pelas raparigas que caem nesta tragédia e que sabe-se lá que dramas as levaram a isso... Eu própria se tivesse tido outra família, sei lá o que seria de mim. Algumas vivem num sofrimento atroz e na mais absoluta miséria humana. O problema é que esta gente mentecapta em vez de lutar por as tirar desta miséria, de lhes dar um trabalho honesto e uma vida digna, estão-se nas tintas para elas, limitam-se a instrumentalizá-las a favor dos seus fins e ainda as afundam mais "legitimando" a miséria  em que estas desgraçadas vivem e chamando-as "profissionais". Isso é uma perversidade sobretudo para as próprias prostitutas. É indecente.

12 comentários:

alexandrachumbo disse...

Gosto sobretudo do "ps" e ainda bem que eu vejo muito pouca televisão!

Maria disse...

Alexandra: sentia muito a tua falta aqui!

Maria disse...

O problema é que esta mensagem das "trabalhadoras" anda a passar por aí recorrentemente. Há dias, na rua, deram-me panfletos a defender isto!
Lembro-me de outros temas "fraturantes" que começaram, assim, pela calada e agora estão ... "legalizados" pela "lei"! É um tema muito pouco atrativo, mas temos de falar dele, estar alerta e pôr as coisas no seu devido sítio. Reconheço que fui brutinha... Mas há forma simpática de dizer isto? Eu não conheço. Mas estou prontinha para aprender!

Anónimo disse...

Adorei!!!
Luísa

Anónimo disse...

Muito acertado!

Fernando Vouga disse...

Gostei sobretudo do seu post-scriptum porque é aí que reside, a meu ver, o cerne do problema.
Hoje em dia, talvez devido à globalização, a “mais velha profissão do mundo”, também conhecida por tráfico de carne humana, não passa de uma escravatura cruel e anacrónica onde as vítimas, mulheres, adolescentes e até crianças, não têm quem efectivamente as defenda, uma vez apanhadas nas máquinas do crime organizado. Trabalham, se é que a sua actividade se pode chamar trabalho (descanso não será decerto...), e nem sequer ficam com o dinheiro, embora a sua actividade movimente somas astronómicas, quase comparáveis às da droga.
De qualquer forma, é bom que não se esqueça que todas, mas todas, as tentativas de acabar com tal iniquidade não deram qualquer resultado. Curiosamente, as investigações policiais ficam sempre a meio do caminho e só apanham peixe miúdo. Penso mesmo que, se os investigadores conseguissem chegar ao fundo do icebergue, encontrariam muitas caras conhecidas e respeitadas...
Porém, as vítimas, quase todas oriundas das camadas mais desfavorecidas, são quase sempre raptadas (à força ou através de promessas aliciantes). E como se tal não fosse suficiente, a ilegalidade a que está sujeita a prostituição em muitos países, só serve para agravar a situação. Ou seja, o Estado não consegue acabar com o flagelo, mas não se importa que um crime odioso contra a humanidade continue a progredir sem qualquer espécie de controlo eficaz. E há inclusivamente Estados que cobram impostos deste “ramo”, mas que continuam a rejeitar que ele passe a ser considerado profissão.
Só lhe quero dizer, cara prima, que algo está muito mal e que não podemos ser muito radicais nos nossos princípios (que algumas vezes não passam de preconceitos). Se não podemos acabar com o mal, ao menos que se aliviem as consequências.
Bj's

Anónimo disse...

Legalizadas eram no tempo da outra senhora. Metidas em bares, bordéis e até tinham inspecção. Enfim, já nada me admira nesten país, de fato estamos a voltar ao período em que viviamos. 4o anos de atrazo.

Maria disse...

Anónimo: concordo! Só que agora não é só atraso: é mesmo retrocesso. Agora não é "inspecção" é "legalização"!!! Cambada!
Fernando: fico TÃO contente com os seus comentários. PÕem aqui um "ponto de ordem" e sobem o nível ao da cultura, profundidade e sofisticação que se impõem a uma blogger que tem o coração na boca e que só sabe é falar de modas e "abrutalha" quando são assuntos sérios! Obrigada Fernando. Simplesmente: uma honra!

Unknown disse...

Nem mais...
Fiquei hoje de férias... dia 3 la estarei!passamos este f d s juntas?
bjs

Fernando Vouga disse...

Obrigado pelos elogios que são como sempre exagerados. Não é falsa modéstia da minha parte.
Peço desculpa de vir outra vez a terreiro com uma observação de que me esqueci (a memória já não dá para mais...), mas que é importante para completar o meu quadro negro.
É preciso ter em mente que há prostituição porque há clientes. E estes são oriundos de todos os estratos da sociedade, sem excepção.
Assim, estamos perante dois pesos e duas medidas: por um lado, dificulta-se a vida às vítimas e por outro, os clientes, que partilham do mesmo acto por mero prazer, assobiam displicentemente para o lado enquanto ajeitam o nó da gravata. Nada lhes acontece para lá de gastarem uns trocos.
Não sei qual será a solução nem proponho qualquer fórmula. Deixo isso para as autoridades competentes. Mas, como estão as coisas, é um vergonhoso escândalo.

Unknown disse...

Muito bem! Bjs. Tázinha

Yakob Levi disse...

O Frenando tem razao, este eh um problema que tem raizes fundas e antigas. Tem tambem muitas causas e muitos actores.
Note-se, antes de mais, que a prostituicao ja nao eh criminalizada como foi em tempos. O proxenetismo, todavia, eh.
O que eh importante pensar aqui eh: devera o direito que rege uma sociedade tornar legal uma atitude que essa sociedade condena? O parlamento vai debater as barrigas de aluguer: pergunto-me se ha grande diferenca entre a prostituicao e as barrigas de aluguer. Ambas sao o aluger do corpo. Ambas me chocam e repugnam pelo que eu gostaria de as ver ilegalizadas.
Uma ultima nota para dizer que tende a haver um discurso demasiado absolvidor sobre o assunto. Eh certo que muitas sao as mulheres arrastadas para isso por redes criminosas. Mas tambem muitas sao as mulheres (e homens) que vem no sexo uma forma de fazer muito dinheiro rapidamente.