26/01/2012

BRAVO!

Queridos Amigos,
Acabei de chegar ontem da estreia do novo espectáculo do Filipe la Féria: Judy Garland, o fim do arco-íris.
Palavra de ordem: BRAVO!
Francamente não estava à espera de nada de especial porque conhecia tão pouco da Judy Garland, mas vim absolutamente deslumbrada com o espectáculo, como todas as pessoas que estavam naquele Politeama.
Recomendo. Sim, recomendo. Recomendo. Porque este espectáculo fica na cabeça e no coração e é uma lição de vida.
Primeiro pelo Filipe la Féria que é o responsável por tudo isto, porque ele é português mas se fosse inglês, francês ou americano provavelmente teria uma vida melhor, incluindo financeiramente. E porque não desiste. E porque tem talento. E porque o que faz, faz bem, dentro do estilo dele que é o dos musicais. E sobretudo porque é persistente, contra tudo e contra todos, ele ama o teatro e vai em frente. E Portugal não seria o mesmo sem o Filipe la Féria.
E depois pela interpretação e pelo vozeirão da Vanessa Silva. Não conhecia esta rapariga e está-se mesmo a ver que estava doida para saber quem ela é.
Quanto ao talento dela, basta dizer que quando começou a cantar as pessoas puseram-se de pé e aplaudir e nada mais se pode dizer a não ser que a vão ver. Empresta o corpo e a alma à Judy Garland, transforma-se nela, dá-se completamente do princípio ao fim, não se poupa, entrega-se totalmente e sem reservas, numa generosidade sem limite. E parece que, no fim, não fica com nada para ela, como a própria Judy que interpreta assim de uma forma tão surpreendente. Única. Total. Comovente.
Momentos únicos para que esta rapariga nos transporta quando chora a cantar e quando canta drogada e alcoolizada. Uma voz que enche o espaço e nos enche a alma. Interpretação de uma mulher que nunca foi amada apesar dos seus 5 maridos e que viveu e morreu tão triste e tão infeliz, numa infinita solidão, quanto admirada, rodeada de gente, nomeada para óscares e aplaudida por milhões. Com tanto, viveu sem nada que a fizesse feliz e morreu de mãos tão vazias que teve de ser o Frank Sinatra a pagar-lhe o funeral depois de uma morte de overdose de barbitúricos, álcool e outras drogas a alguns meses depois do seu último casamento.
Não vou contar o espectáculo – o Filipe matava-me! – mas esta interpretação da Vanessa Silva é não só irrepreensível mas deslumbrante. Dificilmente haveria melhor.
Falta uma palavra para os adereços que são como, quase sempre, desta Senhora Laurinda Farmhouse. Fico sempre fascinada com o guarda roupa destes espectáculos. Mas este! Não sei se é por ser o último ou por nós termos memórias da Judy Garland e daqueles anos 60, onde se situa o espectáculo. Maravilhoso o guarda roupa.
Normalmente conheço os  actores que trabalham com o Filipe mas esta Vanessa não a conhecia e fiquei tão deslumbrada que fui pesquisar sobre ela.
E vou falar do que encontrei porque é um tema que há muito eu queria trazer para este blog. Esta rapariga – de talento gigantesco (e falo não só da sua voz mas também da sua interpretação) – não andava escondida. Ela participou em vários concursos de música da  televisão e em vários festivais da canção. Há anos que anda nisto. Acontece que … nunca ganhou. Só isso.
E depois deste espectáculo não se falava em mais nada senão no gigantesco talento desta miúda, muito mais nova do que parece devido à caracterização exímia.
E agora pergunto eu:
Que país é este que demora tanto tempo a reconhecer os seus talentos???
Quem somos nós que não perseguimos os nossos sonhos e desistimos ao primeiro “fracasso”?
..."Sonha e ficarás aquém"...


Podem ouvir aqui um bocadinho. Vale a pena.












Musical de Filipe La Féria



Musical de Filipe La Féria





Depois da luta, dos ensaios, da exigência, de tanto esforço, ultrapassamos os limites...




Vanessa Silva: eis um nome a reter. Parabéns miúda. Já tos dei. Mas aqui ficam outra vez porque mereces. Pelo talento, sem dúvida. Mas também - e sobretudo - pela persistência e por teres acreditado. E pelo esforço que fez com que parecesse fácil uma coisa que te deve ter custado os olhos da cara.

Beijos
Maria

1 comentário:

Tomé de Sousa disse...

Henrique, eu e a vitoria tb estivemos presentes na estreia.
a cena do cão fabulosa.
já a tinha ouvido cantar, mas interpretar em palco não.
a tua descrição diz tudo, carácter ,rigor, profissionalismo e gosta do anonimato.
pois os talentos são esquecidos... dão importância aqueles q nada sabem e nem aptidão possuem.
quando for ao casino espero dar um abraço no final pelo ser q ÉS.
abç Tomé