27/01/2016

José António Tenente e as Bodas de Fígaro

Foi no Domingo passado no CCB. As Bodas de Fígaro, a sequela do Barbeiro de Sevilha, de Wolfgang Amadeus Mozart.Três horas que nos enchem a alma de arte e nos dão aquela serenidade das coisas intemporais e, neste caso particular, de bom humor refinado, o que em muito se deve à interpretação exímia dos cantores, muitos deles jovens em início de carreira que se juntaram à Orquestra Metropolitana de Lisboa num projeto com o nome de Ateliê de Opera do CCB (já agora: o nome de André Henriques que encarnou um Figaro inesquecível e com um imenso sentido de humor e de Catarina Rodrigues no papel de um delicioso Cherubino, encarnação da adolescência namoradeira de sangue quente)
Apesar da legendagem em direto e com um enredo que nos atira diretamente para a natureza humana e da música que nos soa imediatamente ao ouvido (mesmo ao meu que é muito, muito duro) fixei-me no guarda roupa. Um guarda roupa fabuloso. Não pela exuberância. Mas porque traduzia um conhecimento profundo de Mozart, da sua obra e desta em particular e que, considerando que o enredo, por revelar a natureza humana, é absolutamente intemporal, estava adaptado aos dias de hoje, com aquela modernidade sem tempo nem idade, actual mas revivalista, contendo em si mesma uma visão desta obra, do seu contexto e do seu autor.Então lembrei-me imediatamente que há bastante tempo que ando a (per)seguir o José António Tenente e que sabia que ele estava a trabalhar no guarda roupa dos espectáculos do TNSC e de outros teatros.
E realmente, o guarda roupa era dele. Só podia. Um homem extremamente culto, um dos melhores designers portuguesas que há umas boas temporadas deixou as passarelas com um imenso desgosto para mim que era sua fã incondicional. Cheguei a ter peças dele na mão e o seu trabalho não deixa nada a ganhar aos Tom Ford's e aos Marc Jacob's desta vida. Se ele tivesse estado lá, na hora certa e no dia certo, estaria agora à frente de uma dessas "Maisons" francesas de alta costura.
Mas ficou por aqui e, por mim, foi um enorme gosto ver este guarda roupa.
Temos pessoas e coisas tão boas em Portugal!

PS: adorei a fita no cabelo da Condessa, a terminar num laço na nuca fundida no cabelo, com as argolas "extra-size" nas orelhas. Uma inpiração!






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