Este é o primeiro convite a sério que faço neste blogue: convite às minhas queridas leitoras a irem almoçar comigo e mais 200 mulheres no dia 6 de Julho, na Estufa Real, organizado pelas "Mulheres do Sec. XXI", cuja informação se pode encontrar aqui.
Vou estar lá a fazer uma reportagem ao estilo de street style hunting mas, sobretudo, porque preciso e quero ouvir. O tema é "Em busca de valores".
O último almoço foi na sala do Hotel Fénix com centenas de mulheres. Previsível um barulho ensurdecedor porque se tratava de um almoço e mulheres gostam de falar e normalmente em conversas cruzadas. Mas naquela sala fez-se um silêncio absoluto quando ela começou a falar. Professora catedrática de Filosofia, de uma inteligência dotada e um poder de comunicação de excelência, a transmitir as maiores profundidades numa forma que se compreende e em que nós queremos parar para pensar, para absorver cada palavra, cada frase, cada ideia. Num discurso pautado pela simplicidade cativante, que nos prende e nos engancha, pela lógica do caminho que leva às conclusões únicas e possíveis, a que vou muitas vezes.
Neste blogue, à excepção dos "flagrantes", só falo do que gosto e quando ouvi falar disto pela primeira vez fiquei cativada. Pela forma como elas se definem:
"Este grupo de mulheres pretende reunir de 3 em 3 meses profissionais de todas as áreas, cujo ponto em comum é a preocupação com a actual crise de valores da sociedade. Não somos feministas nem activistas, somos femininas e activas. O objectivo desta rede é reunir mulheres conscientes que tenham dinamismo e vontade de fortalecer o papel social da mulher neste século."
Agora estão inscritas 200 mulheres e estou aqui a convidar as minhas leitoras para irem. E à hora em que o estou a fazer nem sequer sei se ainda há lugar. Sei é que virão de lá diferentes do que entraram. Mais ricas por dentro e isso vale ouro.
O meu Pai, quando eu, ou um dos meus irmãos, estava muito tempo sem ir a casa, ou porque ia passar uns dias a casa de amigos ou outro motivo qualquer, quando chegávamos, perguntava-nos assim: "perdeste o norte à casa?", "ainda te lembravas do caminho?".
É isto que me vem à cabeça quando aqui chego a fazer este convite.
Penso em tantas vezes que perdi "o norte à casa", que me atordoo e esqueço-me de quem sou, de verdades tão básicas que quando as ouço novamente é uma descoberta de luz como se fosse a primeira porque as vou perdendo nas curvas da vida, como quem perde as chaves do carro, e depois aterro e depois é a vida. Melhor e com mais luz e com mais sentido e com mais valor.
E a seguir penso na conversa que tive com uma amiga, mãe de dois filhos, trabalho estável, boa profissional, ótimo marido e que me disse que estava ... farta. Farta da rotina, farta do trabalho. Farta. Que precisava de alguma coisa nova que a ajudasse a ver tudo com luzes diferentes.
E depois penso que me ensinaram tudo na vida, que sei calcular os impostos ao cêntimo, que sei ganhar processos (sei, simplesmente... e também sei quando os perco...) mas que nunca ninguém me ensinou a ser mãe.
E no fundinho do meu coração e da minha consciência há um grito. Porque não lhes dei - a todos - a atenção que lhes era devida, porque andei em excessos de trabalho e de tudo o que não interessa para aqui e perdi 5 dos meus filhos, bebés que eram meus e que, como diz a minha mãe, me ajudam do sítio aonde estão agora. Foram 5. Ficaram 2. Ao todo são 7 os meus filhos. Nunca mais voltei a ser a mesma. Também nunca pensei contar isto desta forma tão intimista e ao mesmo tempo tão pública... Mas não importa isso.
Olho para os vizinhos deste prédio de élites que se negam a saudação (alguns) e penso que o mundo precisa de mim. Olho para os meus colegas e idem. Olho para as raparigas que trabalham a preço de saldo a limpar os vidros dos edifícios e penso que o mundo - elas, mulheres sofridas de fibra rija e vida difícil- precisam de mim. Igual para as raparigas e rapazes das caixas do Mini Preço. Igual para os clientes que lidam com os milhões. Igual para os nervosos que buzinam histéricos nos carros. Igual com as pessoas de mal com a vida. E as pessoas sofridas ou em sofrimento. E as pessoas em depressão e tristes porque não acreditam em nada e a crise lhes tirou o chão que pisavam e andam à deriva porque não sabem qual é o rumo, inundados nos Prozacs da vida.
Que tenho de ser útil.
Que tenho de deixar rasto.
Que o mundo tem que ficar melhor quando eu o deixar.
Que as pessoas que passam por mim, seja de que forma for e em que circunstâncias for, têm de levar alguma coisa de sinal mais de mim. Eu gosto muito do sinal mais. Positivo. Optimista. Alegre. Mas sinal da cruz.
Tudo isto - que nem releio porque sei segurinho que ía cortar muitas das coisas que aqui estão, escritas compulsivamente - vem a propósito desta necessidade de ir "em busca de valores" que nos enriquecem e nos tornam num "melhor eu". Porque estilo é isso mesmo: começa por dentro. Se for ao contrário não está sustentado, soa a falso e postiço e racha logo na primeira oportunidade. Não é estilo.Pode ser algo entre a vaidade e a arrogância, passando por peneirice. Mas definitivamente não é estilo. Porque este vem mesmo de dentro e só de dentro. E, para isso, tem de se ter conteúdo que é o reverso da futilidade e da superficialidade.
O convite a todas as minhas queridas leitoras: almoçarem comigo e com mais 200 mulheres inscritas e já confirmadas. "Em busca de valores"
E lá estarei para as fotografar assim, como são: estilosas. Fotografias que, como todas as que vieram para este blogue (à excepção de um sapato estiloso de um advogado cuja imagem "roubei" sem autorização), são objeto de autorização prévia da pessoa.
Mas eu só fotografo pessoas estilosas. E vou estar, seguramente, num viveiro de estilo. Disso, não tenho dúvidas. Muito obrigada pelo convite que me fizeram para fazer esta reportagem que, seguramente, será uma das que mais gosto me irá dar. E... com MÁQUINA FOTOGRÁFICA A SÉRIO. Telemóvel: nem pensar. Nesse dia está proscrito para fotografias.
Vale a pena!
Aqui também pode encontrar muita informação: no blogue que eu sigo e é este (tem a participação da autora desta iniciativa: Alexandra Chumbo, Psicóloga, que pode contactar na Clínica da criança e do adolescente)
Beijinhos da Maria
3 comentários:
O que eu gostava de ir a esse almoço!!!
Luísa
Tira folga. vem para Lisboa e é fim de semana de folia a Feira de Artesanato. Ótimas perspetivas! E outras coisas que depois lhe digo. Plano não faltam!
Querida Maria, muito obrigada por este fabuloso Post, está um espectáculo :) Outra coisa vinda de quem vem, não seria de esperar! Beijo grande e até sexta, com muito estilo!!!
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