28/06/2012

Hoje tinha de contar isto. Necessidade mesmo ou compulsão?

Era o dia 14 de Agosto de 1385. Chamava-se Nuno e tinha pouco mais do que 20 anos.
Devia estar calor mas ele já desde as vésperas que andava a fazer o reconhecimento do terreno para defender o seu rei e o seu reino contra a invasão do poderoso exército de 40.000 homens castelhanos, auxiliados por tropas francesas.
Não era um iniciado nestas lides porque "a 6 de Abril de 1384, D. Nuno Álvares Pereira chefia um pequeno exército de 1.500 homens, que derrota uma força castelhana de 5.000 homens na Herdade dos Atoleiros, junto a Fronteira."

Desta vez, desde o dia 8 de Julho de 1385, o rei de Castela tinha invadido o reino de Portugal e parecia que  iria dominar Portugal, imerso numa crise política, social e económica decorrente de muitos fatores, entre os quais a sucessão ao trono em que uma senhora, de nome Leonor Teles, andava a fazer das suas, aliando-se a quem não devia e acho que com  porcaria pelo meio. Não sei se acabou mal esta Leonor porque foi para o convento de Tordesilhas e lá morreu, se calhar arrependida da porcaria que fez (desculpem o termo, sim?).
O rei Juan I de Castela - com uma lata que não existe - já se auto denominava " Rei de Castela, de Leão, de Portugal, de Toledo e da Galiza".
Já desde 1384 que o rei de Castela tinha montado um cerco a Lisboa e só não prossegui o seu objectivo por determinação do povo e porque a cidade estava murada e defendida.
No dia 14 de Agosto de 1385, o confronto entre as tropas Portuguesas (4.000 homens) e as castelhanas (40.000 homens) só se deu pelas 18H00 da tarde porque os castelhanos vinham por uma estrada romana e, como não estavam à espera, quiseram desviar-se dos Portugueses. Mas a partir das 19H15 o rei de Castela retirou-se. Portugal tinha vencido. Com a técnica do quadrado e num planalto, cavam covas de lobos em que os castelhanos simplesmente caem. Do lado esquerdo, os arqueiros ingleses e do direito a ala dos namorados. Impossível ao potente exército castelhano vencer Portugal. 40.000 contra 4.000.  D. João I, entretanto, o Mestre de Avis havia sido proclamado, a 6 de  Abril, Rei de Portugal e "atribui a Nuno Álvares Pereira, então com 24 anos, as funções de Condestável, ou seja, de comandante supremo do exército português."
Grande Nuno. Afoito. Sabia que tinha que caçar os castelhanos no planalto de S. jorge e para la foi, com o desacordo do concelho de guerra de Portugal, sozinho com os seus 1.500 homens. Na altura, e mais tarde, o então ainda Mestre de Avis decide juntar-se-lhe. Assim como os fidalgos da beira. Todos unidos com o Povo Português num único objetivo: defender Portugal dos Castelhanos.
Estava escrito nos Céus e na terra que Portugal havia de ser Portugal, terra de Santa Maria e dos Portugueses.
Para a história ficou uma das batalhas mais importantes da época medieval.

De Luís Vaz de Camões, nos Lusíadas (Canto IV):
1.

DESPOIS de procelosa tempestade,

Nocturna sombra e sibilante vento,

Traz a manhã serena claridade,
Esperança de porto e salvamento;
Aparta o Sol a negra escuridade,
Removendo o temor ao pensamento:


13
«Não falta com razões quem desconcerte

Da opinião de todos, na vontade;

Em quem o esforço antigo se converte
Em desusada e má deslealdade,
Podendo o temor mais, gelado, inerte,
Que a própria e natural fidelidade.
Negam o Rei e a Pátria e, se convém,
Negarão (como Pedro) o Deus que têm.


14

«Mas nunca foi que este erro se sentisse

No forte Dom Nuno Álveres; mas antes,
Posto que em seus irmãos tão claro o visse,
Reprovando as vontades inconstantes,
Àquelas duvidosas gentes disse,
Com palavras mais duras que elegantes,
A mão na espada, irado e não facundo,
Ameaçando a terra, o mar e o mundo:



– «Como? Da gente ilustre Portuguesa

Há-de haver quem refuse o pátrio Marte?
Como? Desta província, que princesa
Foi das gentes na guerra em toda parte,
Há-de sair quem negue ter defesa?
Quem negue a Fé, o amor, o esforço e arte
De Português, e por nenhum respeito
O próprio Reino queira ver sujeito?






E PELA VOZ DE CAMÕES:
 "DITOSA PÁTRIA QUE TAL FILHO TEVE"
E que eu - com uma lata que não existe - digo assim:
 "DITOSA PÁTRIA QUE TAL FILHO TEM"


 Ando a pedir-lhe com todo o fervor que nos tire desta crise e que guarde os Portugueses que estão a passar forme e doentes, sem recursos para se tratarem. Pelas palavras do Luís Vaz de Camões, ando aqui a repetir-lhe "Há-de sair quem negue ter defesa?"

Fonte:

FUNDAÇÃO PORTUGUESA BATALHA DE ALJUBARROTA


De quando, em Maio, lá estive:














Fundação Batalha de Aljubarrota:





As tocas dos lobos:



E depois da Batalha:



Beijo da Maria

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