Em desespero de causa, percorri as lojas do Saldanha e nenhuma tinha o carregador do Iphone 5. Na última que entrei a menina com uma satisfação injustificada e um enorme sorriso nos lábios que me apeteceu mandá-la para o bilhar grande disse-me, toda contente: "vendi agora mesmo o último".
De repente senti-me dependente, adicta que nem um drogado. Senti-me mal por causa da angústia que a "porcaria" da falta de um telemóvel me faz. E apeteceu-me fazer jejum de telemóvel por uns dias. Jejum de atender chamadas sobre chamadas em todas e quaisquer situações (salvo seja...), mesmo quando tenho as mãos cheias de coisas e o telemóvel pendurado do ombro no ouvido... Jejum de internet, de e-mails, de conexão à actividade virtual, on line, às solicitações fora de horas, numa falta total de silêncio interior, espaço interior de liberdade e independência, solidão. E vi-me, de repente, precisada de solidão, independência, com vontade de fazer de monge eremita e desligar-me do mundo ruidoso que o telemóvel significa. Irrita-me ser dependente e sentir-me num enorme desassossego por causa de uma simples bateria. Sim. Eu sei. Os telemóveis já salvaram vidas e hão-de continuar a salvar. Mas também as complicam e muitas vezes tramam as relações entre as pessoas.
E lembrei-me do anúncio da Coca Cola que aqui deixo.
E, na vez do carregador do Iphone, deparei-me com umas bancas de venda de artesanato e produtos portugueses no Saldanha Monumental. De lá vim com a minha vida no meu pulso. Passou do telemóvel para o meu pulso. Com um significado infinitamente maior. São de aço, preço de revenda, mas não sei dizer a marca porque foi um senhor encantador que mas vendeu e me garantiu que posso não as tirar do pulso que continuam assim porque são de aço. E eu não as quero tirar. Porque me lembram o significado da minha vida. E porque, além disso, são bonitas e simples. E transportam-me para a beleza profunda e simples que encontro na Cruz.
1 comentário:
Sofro exactamente da mesma dependência... É terrível!!!
Beijinhos Luísa
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