29/04/2014

Histórias da minha vida...

Mais uma. Da minha vida, meu querido blogue. Não te vou contar as circunstâncias de tempo e lugar, nem penses! Dar à língua que, no meu caso é "dar ao blog", tem muito que se lhe diga. Principalmente porque "pela boca morre o peixe". E, por isso, fecho a boca, que ainda é cedo para eu patinar. Mas vou-te contar esta.
O dia anterior tinha sido dia de festa a que tinha gostado de ir (ora bem!) mas mais uma crise de tosse cavernosa (irra!), com telefonemas em lágrimas para a médica, e o frio da noite (e, já agora, a minha sensatez), deixaram-me presa em casa toda triste. No dia seguinte levantei-me de manhã filada em exercitar o físico a ver se o venço e fui correr para a estrada do Guincho. Eu a correr e turistas a tirar fotografias pela estrada. Uns vieram de autocarro. Como estes eram de um dos "países ricos do norte" apeteceu-me fazer-lhes o gesto que o Bordalo Pinheiro imortalizou no "Zé Povinho". Não fiz, mas devia ter feito que eles não tinham percebido e, depois, dizia-lhes adeus e ficavam todos contentes a dizer, na língua deles,  que "o povo português é muito amigável". E isto a gente tem é de agradar aos turistas. Mas o que é importante é que me senti rica e feliz por ter aquela estrada para correr sempre que eu quiser (e tiver saúuuuuuudeeeeee)- Eles (do "país rico do norte") só a têm para tirar umas "fotos" e seguir caminho para o seu "país rico do norte" bem cinzentinho (a começar nos fatos da chefe do governo deles). BOA!!!! Ter as ruas para correr é ter muito, principalmente com esta vista, esta luz, este mar.
A seguir a esta corrida de tarde toda (!) (está bem, está bem, fomos almoçar às 5 da tarde, em cima do mar, mas eu "dietei-me" com uma salada) venho a casa, tomo um duche com aquela sensação melhor do mundo e vou para um determinado lugar em que estava igualmente filada em ir. Pois foi assim mesmo o meu dia. E vou-te descrever, meu querido blog o que ali vi. Umas pestanas lindas e compridas que não terminavam, numa maquilhagem de horas. A blusa reconhecia-a: Yves Saint Laurent. Os folhos da frente, os punhos com umas tiras a dar um laço a partir do qual caiam em sino por cima da mão. Se eu pudesse e soubesse fazia uma assim. Uma beleza! No dedo médio um anel enorme de brilhantes e ouro branco.
Na outra mão, no dedo anelar e no dedo mindinho, uns anéis igualmente maravilhosos que desprendiam tanto brilho quanto "luxo". As unhas eximiamente maquilhadas com um verniz muito escuro ("rouge noir" ou preto?), cortadas rentes, como agora se usa (e como eu gosto). As calças eram pretas de um corte único muito sofisticado e discreto que fazia lembrar vagamente a "Real Maestranza" de Sevilha ou simplesmente a festa brava. Mas discretas e lindas, maravilhosas. De griffe, isso sim de que não tenho dúvidas. Pareceram-me as da Yves Saint Laurent do Inverno passado (ou talvez do anterior, não me lembro). O casaco, preto, com umas aberturas laterais não me fez "trepar" de amores, mas também o aviava. A mala de verniz preto em formato "shopping bag" e de uma pele completamente maleável (Céline? Stella? Não percebi). Num dos ombros um dos clássicos da Louis Vuitton: um lenço em caxemira em tom de chocolate-caramelo, com aquele brilho absolutamente discreto da caxemira pura de primeira qualidade.
Dos sapatos não gostei. Os saltos para cima de 12 cm e de plataforma com tachas numa de "não joga a bota com a perdigota", num efeito inesperado de "drag queen" (rasca).Os sapatos eram de griffe, claro. Talvez Prada ou McQueen. Eu bem lhe vi as letras douradas em baixo porque eram tão altos que se conseguia ver. Mas percebi pelos sapatos que o estilo não era genuíno. Não ficavam ali bem (e não era um mero desacerto que qualquer pessoa com resmas de estilo sempre tem). E quando o estilo não é genuíno, há sempre gato escondido com o rabo de fora ou - pior ! - rabo escondido com o gato de fora.
Mas tudo bem. Até aqui, claro.
O pior é que, sabes querido blog? Não era uma "ela", era um "ele"...
E eu, no meio das griffes, das poses, das unhas, das jóias, da maquilhagem, da blusa, das calças. só me saía uma única palavra:
LAMBISGOIA.
SUA LAM-BIS-GOIA!

P.S.I: Não foi bem assim. Saiu-me outra palavra (e mais outra, a bem dizer), mas vou fechar a boca com super cola tudo e não a vou dizer.
P.S.II: As coisas de mulher ficam bem às mulheres, as coisas de homens ficam bem aos homens.
P.S.III: Não fiques preocupado. Eu reparei em tudo sem se notar que eu estava a olhar. Eu sei (há muito tempo) que é falta de educação olhar fixamente para as pessoas. Mas a minha memória (para o bem e para o mal) é selectiva e, não sei como, consigo reter tudo num lance de um segundo. E, sim, é verdade, coexiste em mim esta capacidade de retenção rápida de informação que me interess com uma falta de orientação que não tem comparo neste mundo que, se eu tiver de ir de Lisboa a Santo António dos Cavaleiros, não consigo. Quem fala de Santo António dos Cavaleiros, fala doutro sítio qualquer (eu tenho vergonha de dizer nomes porque ... toda a gente lá sabe ir .... menos eu..) Mas que vai uma mulher fazer, heim?

Kisses da Maria.

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