O que agora escrevo é íntimo, sim, mas cuja revelação está (mais do que) justificada pela sua potencialidade de ajudar alguém (uma pessoa que seja). Quero lá saber do resto.
Há anos que penso que temos de ser senhores do nosso destino e que o importante é o que está dentro da nossa cabeça e não fora dela. Por isso a formação da cabeça assume uma importância igual à da alimentação do corpo (formação que, como é evidente, não é só escolar ou académica).
Foi numa aula de cycle no ginásio. O treinador, um rapaz jovem em excelente forma física, no meio das instruções que vai dando para puxar pelo nosso melhor e para que o treino seja eficaz: não deixem que a bicicleta vos domine, têm de ser vocês a dominar sempre a bicicleta (quem pratica este desporto percebe bem isto: se nós não pedalamos com resistência, a bicicleta é que dirige o treino e nos domina a nós - e não nós a ela -, o que retira eficácia ao treino e, pior que isso, arrisca lesões nas articulações dos joelhos e nós sabemos muito bem quando não temos a carga suficiente: saltar no selim, não conseguir parar de imediato a bicicleta após treino de velocidade, etc., etc.).
"Não deixem que seja a bicicleta a dominar-vos, sejam sempre vocês a dominar a bicicleta". E fez-se LUZ: a necessidade elementar de dominar o que vai na cabeça e não ser dominada pelo que lá vai parar por invasão de fora em rota livre e descontrolada. Porquê? Por saúde mental. Por exigências de paz, tranquilidade, estabilidade, apaziguamento interior e, no fim e sobretudo, por exigência da própria felicidade e da dos que nos rodeiam. Em definitivo, e sem tréguas, filtrar o que vai dentro da minha cabeça - imaginação, memórias, inteligência, vontade,....
Na cabeça: o que queremos, o que nos faz bem, o que comporta felicidade e paz. Fora as invasões dos "petardos", "mísseis" ou "tsunamis" das preocupações, imaginação, angústia, rancores resultantes de mil e uma coisas do dia a dia, ingratidões manifestadas de mil maneiras. Por maiores e mais graves que sejam as razões que tenhamos para a invasão da cabeça das desilusões que invadem a nossa vida. Quantas coisas! A experiência da imensa ingratidão de, com uma simples mensagem enviada por telemóvel, nos deitarem por terra trabalho de décadas de afinco em que demos tudo de nós com um imenso sacrifício pessoal e familiar de horas de trabalho sem fim, com um pontapé que nos deixa a canto no primeiro "round", a injustiça de sentir que não se fez justiça com decisões precipitadas dos tribunais que "deram o tiro completamente ao lado" e, pior do que tudo isto, o sentimento da falta, da perda, da saudade, do fim da vida na terra em condições trágicas ou de catástrofe.
Os crentes - como eu - sabemos que tudo tem um sentido e tudo (mesmo tudo: incluindo a "porcaria" e o mal que os homens - eu incluída - somos capazes de fazer, o que comporta sempre um mistério que se chama liberdade humana e providência divina), tudo é para bem.
Mas crentes, ou não, temos de concluir que a cabeça - imaginação, inteligência, memória e vontade - nos pertencem e que essa pertença tem de ser de domínio e não de dominado. De senhorio. Sem o qual não conseguimos ser felizes porque essa felicidade é roubada, corroída, destruída pela deriva dos acontecimentos que não dependem de nós. Quantos problemas isto nos resolve! Catalisa as energias para o que é o essencial para resolver muitas das questões que só nos atormentariam se as deixássemos assentar arraiais na nossa cabeça, retira o stress, dá luz e cor à vida, levanta-nos ("levanta a cabeça princesa que, se a baixas, cai-te a coroa").
No fundo, um trabalho de selecção: deixar entrar o que dá fruto e arrancar as ervas daninhas. Com a certeza de que estas alastram muito mais facilmente que os frutos bons e que isso exige um enorme esforço.
Não é fácil? Claro que não é. Mas nunca ninguém disse que a felicidade era uma coisa fácil.
No fundo, o esforço de mandar para o "catano" o sacaninha que há em nós. Este mesmo sacaninha de que se fala aqui e que é de leitura obrigatória. Como tudo o que se encontra neste espaço.
Beijo da Maria, com a promessa que a próxima vai ser moda mesmo. O cuidado do corpo. Um corpo lindão, saudável, cheio de energia para albergar uma alma sã (mens sana in copore sano). Quem não quer, heim? Que .... brasas!!!!!!
1 comentário:
Tenho saudades deste blogue.. escreva mais mais mais, please!
Saudades suas!!as nossas quartas-feiras não são iguais!!!
beijinhos
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