Querido Blog. Soube hoje a minha sentença. Ao fim de dois longos meses de exames.

 Querido Blog
Venho dizer-te o que aconteceu. Depois de dois meses de exames que levei como uma cruz, e cujos resultados guardei numa gaveta fechada nos envelopes fechados como me foram entregues, envelopes que não abri e que continham a minha sentença de vida ou de morte, de saúde ou de doença. Exames que fiz porque o meu homem me marcou consulta e porque, depois, me marcou os exames. Em envelopes grandes fechados, o TAC, as ecografias, as análises, ...,... ao todo nove exames. Fiz de avestruz e meti a cabeça na desculpa de que exames médicos devem ser vistos pelos médicos. Guardei a data da consulta na agenda sem pensar, mas hoje, chegou o dia. O pior dia para ir para o Centro de Saúde esperar pela sentença. No meio de um imenso stress de trabalho, de prazos, de trabalhos para fazer que não cabem nas horas do dia, a tentação de mudar a data da consulta foi maior que muita, gigantesca, demolidora por razões inadiáveis. Na minha cabeça o conselho de uma amiga que me apontou como obrigação grave cuidar da saúde. E eu senti de novo aquela sensação de me cair a vida das mãos quando tive a notícia do problema pulmonar irreversível precisamente quando me sentia cheia de força física, a gozar plena e  excelente saúde, desportista em forma física invejável. Não me caiu o mundo mas foi, no mínimo, uma surpresa que me atirou violentamente com a realidade inexorável das minhas fragilidades.
Hoje chego ao centro de saúde, a pensar na minha médica de família, a melhor médica depois da que fez nascer os meus filhos. Mil vezes melhor e mais cuidadosa do que o Pneumologista onde eu ía confortavelmente de 6 em 6 meses porque me mandava sempre fazer o mesmo, numa de "leva receita, paga os 95€ da consulta e desampara-me a loja". Hoje centro de saúde comigo onde tive a sorte de encontrar esta médica que se interessou mais pelo meu caso do que eu própria que fujo dele quanto posso (avestruz...). Senha "A" com consulta marcada. Mas
as meninas do atendimento falam umas com as outras e percebi que estava a sala cheia de pessoas à espera. O tempo passa e passa a hora da consulta... Vou ao guichet e a menina diz-me que ... não está a conseguir passar as senhas no ecrã da sala de espera.... Mas que me atende. Eu digo que estão pessoas à minha frente e que a sala de espera está cheia. Como ela estava à espera de chamar as pessoas assim que, por milagre, conseguisse fazer aparecer as senhas no ecrã. Que gente é esta que tem uma sala de espera cheia de pessoas e que, como não consegue passar os números no ecrã, deixa-se ficar na cavaqueira com as colegas? Estive para lhe atirar à cara que andava a roubar o ordenado que lhe pagam e a faltar ao respeito àquela gente toda a perder tempo por causa da incompetência dela. Levantava-se da cadeira, mandava o segurança, gritava pelo número. Não. Na cavaqueira com as colegas. Ok. Fiquei só de boca aberta a olhar para ela. Eu vivo noutro mundo, de exigência, disponibilidade total e trabalho constante. Estas pessoas não fazem nada e recebem o ordenado para não fazerem nada. São assim. Ponto. Bem... quanto à minha sentença, vou morrer. Sim. Quando Deus quiser, como quiser, onde quiser. Todos vamos morrer. E que são mais 4 ou 5 dúzias de anos em face de uma eternidade? É que não é nada.
Por agora, a sentença é mesmo de que vou morrer mas não se sabe quando.
Quanto ao resto, vou a caminho do Hospital de Santa Marta para aí ser seguido o meu caso. De caminho foi hoje a vacina da gripe porque eu faço parte do "grupo de risco". Ok. está certo. E de caminha foi a do tétano que tem de se tomar de 10 em 10 anos, sabiam? Pois. Vim aviada com duas vacinas e encaminhada para nova ida aos hospitais. Preferia que me mandassem sei lá para onde. O que me vale é que o hospital de Santa Marta fica tão perto da Av. da Liberdade que hei-de ir por lá espalhar as mágoas. É assim a vida. O pior são mesmo aquelas pessoas que pensam que tudo acaba aqui. Isso sim é que é pior. Como não é o meu caso, estou mais tranquila que nunca.
E pronto! Vou dar notícias que depois de amanhã vou para Londres passar uma semana inteirinha.
Beijinhos blog e beijinhos queridos leitores que conseguiram chegar aqui.
Pronto! Vou mostrar o vestido que trazia hoje porque é uma onda muito "leather" que não podia ser mais actual embora tenha mais de X + X anos de existência. Gostam? Terá valido a pena pô-lo aqui se der alguma ideia nem que seja a uma só leitora...
PS- o que me tem "salvo" é o desporto, o exercício físico. "Pode ter a certeza". Foi o que me disse a médica. Mas eu sei que o que me vale, além do desporto (eu não concebo a vida sem desporto) são outras coisas. Mas isso é outra conversa. Providência. Nunca o acaso.