Nesse dia foi desencantar os sapatos Miu Miu (também os das festas...) arrumados em sítio especial porque só são de ocasiões especiais e que me fazem sempre pensar que foi uma boa compra. O vestido e as jóias especiais de ocasiões especiais. O coque do Corte Inglés para o cabelo, ripado com laca para fazer aquele efeito anos 60 que adoro. Maquilhar a cara com a melhor base e as melhores sombras e o eterno encarnado nos lábios do batom intemporal Chanel que a própria Coco usava. A mala qual? Hesito e acabo por eleger uma clutch em tom fucsia. O casaco, o da BCBG que parece de agora mas tem uns bons pares de anos, de um corte de excelência e que "anda sozinho" e vai com tudo. Vi agora a laçada deste casaco na colecção que se segue da Dior e está sempre tão actual.
Tudo por mais uma festa de 25 anos de casados! Escrevi este post quando foi a festa, vai para quase dois meses (!) e aqui ficou nos "rascunhos" entre a hesitação e a tentação de publicar.
A "noiva" de que me lembrava na mesma Igreja, no mesmo jardim mas há 25 anos atrás. Bonita agora como então. Agora num vestido rosa velho de saia plissada e corpo de renda. Umas sandálias de tiras em tons metalizados, do dourado ao prateado. Maravilhosa. Linda. Ele orgulhoso dos 25 anos, achei eu. Com a mesma boa figura de quando se casou. E só sabemos que não se vão casar outra vez porque, de repente, vemos as filhas e percebemos que aquilo não é de hoje. Não.
De repente, naquela sala, naquele jantar fui teletransportada para há 28 anos atrás. Aqueles amigos, aqueles jantares, aqueles namoros. Vivi o dia em que conheci o homem da minha vida, o dia em que voltei a sentir aquele formigueiro no corpo que tinha sentido a primeira vez que o vi. Os sentimentos e os pensamentos e as certezas de que, ou casava com ele, ou não casava com ninguém.
Os encontros, as saídas, as tricas, os mexericos, os namoros de há 28 anos atrás. Que depois destes anos se cumpriram em vidas de fidelidade e ali estávamos todos. E, naquela mesa, naquela festa, vejo-me rodeada de casais em namoro constante que se conheceram na mesma época e que se apaixonaram e se casaram e continuam de mãos dadas e alguns com filhos de casamento marcado.
Não! Não! Não! Não foi sorte. Foi tudo menos sorte. A sorte não existe. Não foi uma vida de "mar de rosas" sem problemas, porque isso não existe e problemas todos os têm, todos os temos. A questão - que não é de sorte nem de acasos - foi saber resolver / ultrapassar / esquecer os problemas que outros não sabem, não querem, não conseguem ultrapassar. E às vezes é só porque lhes dão importância a mais e não têm sentido de humor. Outras vezes, não. Porque cada pessoa é um mundo, um caso único, exclusivo, insondável. Outras vezes são os desencontros de quem vive na mesma casa,dorme na mesma cama, come na mesma mesa mas se desencontrou em vidas paralelas que não se encontram, a ver a felicidade passar ao lado.
Quantas recordações nesta festa!!! Volto a olhar para o meu homem e a ver nele o que que me fez sentir cócegas no corpo quando o conheci. Eu acho que ninguém se devia casar sem ter sentido esta sensação. Mas isso sou eu que acho. O que eu tenho a certeza é de que ninguém se devia casar se, com ou sem sensação de atracção fatal, não tivesse a vontade firme de chutar para canto os problemas que o casamento traz consigo.
E isso é que vale a pena. Porque ao fim de 25 anos a sensação não podia ser melhor.
Beijo da Maria.
6 comentários:
Querida Maria... :)
Gostei tanto tanto tanto de ler este texto! Muito obrigada!
Um beijinho grande com saudades...
Lindo texto! escrito por alguém que sentiu e sente o escreve e diz.Beijinhos
Kika este ano doem-me as saudades!!!!!
Violante! Sim isso é verdade. Hoje estava a pensar encontrá-la no ginásio mas.. não a vi...! Beijinho!
Querida Isabel
Nunca tenho tempo (maldição) mas este não quis perder, é excelente e a puxar a viver um sentimento que quero tb revisitar
bjos e continue
Ana CC
Querida Ana mil beijinhos! Beijinhos não apressados como andamos nós sempre....
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