Queridos Amigos,
Hoje estive toda a tarde na minha Universidade Católica num Congresso sobre IVA. Esta Universidade é a "minha casa", mas é mesmo de excelência e não perco uma. Vale sempre a pena. Chego a casa e faço dez coisas ao mesmo tempo que até me vi assim, a pensar que tudo ao mesmo tempo era impossível que ficasse o que quer que fosse bem feito.
Mas vim ao meu blog fazer o registo do dia mais feliz dos últimos tempos. Porque sei muito bem que os meus queridos amigos gostam de ver e eu não me importo de mostrar. Nos últimos dias sou confrontada com o facto de que muitas pessoas ficaram a saber coisas da minha vida porque eu sou desbocada e depois é tema de conversa, o que me causa estranheza porque sou parvinha e me esqueço de que as coisas são vistas... Hoje no intervalo do congresso foi tema de conversa e risota.
Mas aqui fica o registo: eu não me importo. Ponto. A única coisa que me limita neste espaço é
a imagem e a vida das outras pessoas, incluindo as que me são próximas porque o dever de respeito é meu e aí não posso ceder um milímetro. E não cedo mesmo. Posto isto, aqui não tenho limites de espécie nenhuma. Ninguém me paga, não estou a soldo de ninguém e posso falar do que me apetecer, do que eu quiser, sem restrições nem limitações,o que dá uma independência ilimitada e é muito libertador a todos os níveis.
Fora isso: não me importo. De revelar. De mostrar. De contar. De fofocar. Até porque a minha vida é igual à de tantas e tantas mulheres. As mesmas alegrias, os mesmos dramas e essas coisas todas. Desta vez é só igual àquelas que fazem parte de uma enorme minoria dos 30% que chegam aos 25 anos de casamento.
O segredo para mim não é um. São vários. Mas tudo coisas pequenas. Uma pessoa casa-se para ser feliz. Feliz não é estar sempre em "estado de prazer" . às vezes o estado até é de "desprazer". Um mulher às vezes perde a cabeça É normal que uma mulher dê em doida com um homem. Um dia uma pessoa pede-lhe para irem comprar laranjas e salsa e não lhes pede mais nadinha (nem para pôr água a ferver que não sabem e é uma operação de alta complexidade). E depois de demorarem uma hora, vêm de lá com 3 laranjas (ou duas), sem a salsa porque não a encontraram, mas em compensação trazem coisas tão imprescindíveis como variedades exóticas de queijos, bolachas, patés, chocolates e afins. Ou pede-lhes para ir buscar o detergente com lixívia que está por baixo do lava loiças (coisa tão estranha que pensam que veio do além) e eles lá vão a custo e a pensar que este é mais um pedido esotérico e depois abrem o armário e, como o detergente não grita por eles nem diz "estou aqui" vêm de lá de mão vazias a dizer que não está lá nada disso. Depois um homem faz uma coisa de cada vez. Pôr os talheres na máquina, sim senhor. Eles põem. Mas uma pessoa já acabou de arrumar a cozinha e lá estão eles a enfiar os talheres um a um, todos direitinhos e por ordem, não vá acontecer que se sintam desemparelhados (é chato) e como se aquilo fosse para apresentar à rainha de Inglaterra. Depois é as meias espalhadas no chão do quarto. Outros é ao contrário. Não deixam as mulheres espalhar as carteiras que acham sempre que são de mais. E só quando um homem vir a mulher com uma carteira rotinha e as coisas a caírem de lá de dentro é que admite- e só por hipótese - que talvez precisasse de outra. Depois há uns que, com um ar de parvos e escandalizados que apetece dar-lhes dois estalos (ou mais), dizem (sempre imóveis no assento) para a mulher: "o teu filho está a chorar, não vês"?
Depois há os desencontros. O desencontro de um dia que tem 24 horas que são passadas afastados embora com um resto de partilha de tecto, mesa (em muitos casos partilhada com o raça da televisão ligada a mostrar actrizes porno em horário nobre fechadas em casas a mostrar as entranhas, a tomar duche e a dormir com homens que nunca tinham visto na vida...) e cama. Mas sem partilha de vida.
A felicidade do casamento tem pequenos grandes segredos (poucos). Todos coisas pequenas, acho eu, Exactamente o contrário que eu penso que tem o fracasso de um casamento em que o motivo é normalmente só um que se vai multiplicando por x+x+x ao longo do tempo.
Terapia de um casamento é chegar a casa e dar um abraço sem dizer nada. São cumplicidades. É saber o que anda na cabeça do outro. Como ele está, como se sente, do que precisa, o que o alegra e o que o entristece. Como o meu colega que vai almoçar sozinho com a mulher tantas vezes na semana. São coisas muitos simples mas que constroem uma relação. Depois há as coisas (também pequenas, na maior parte dos casos), que as destroem e a destruição, às vezes, é silenciosa e assintomática... como o cancro... muitas omissões, muitas, muitas, muitas. Muitas perguntas que ficam por fazer, muitas coisas por dizer. Tecto, mesa e cama, mas vidas paralelas que depois não se encontram. E que algumas vezes, por não se encontrarem, se interceptam com outras com que se cruzam no caminho. E que criam a ilusão de servir o "prato de lentilhas" que já não se come em casa. E depois isto é o catano (para não dizer uma palavra pior).
Um casamento feliz não é - nem nunca será - um casamento sem problemas ou dificuldades ou o que se lhe queira chamar porque esses não existem. Num casamento, mesmo no "casamento perfeito", há sempre motivos "válidos" de separação. Nem que seja a pasta de dentes ficar sempre aberta. E o engraçado é que as pessoas se lembram sempre das zangas,dos insultos e dos excessos desses momentos mas .... raramente se lembram do motivo que esteve na sua origem. Porque normalmente, com excepções, são coisas sem importância. As coisas passam e o que fica são as reacções, as feridas dos insultos mal pensados e pior ditos e ainda pior sarados. O não dar importância a estas coisas é do melhor que há. É saudável, contribui para a higiene e sanidade mental, para a serenidade e paz de espírito e isso vale tudo.
Depois há uma coisa maravilhosa que se chama fidelidade. Ao compromisso assumido. A si próprio e ao outro. Porque uma pessoa vale muito e um casamento só vale a pena assim: toda para um e todo para uma. Fidelidade que anda sempre ligada a uma outra realidade que também começa por um f e também acaba em e: felicidade. É que uma sem a outra não existem. Nem uma nem a outra. Por mais "prazer" com sabor a fel que se meta pelo meio. Mal acomparado, a fidelidade é como o estilo: eterna, intemporal. Pode não "estar na moda". Mas a moda passa e o estilo permanece. Já dizia a Coco Chanel. E tinha razão.
Que raça de testamento este!!!! Irra!
E então foi assim:
O sítio
O Rv. Padre Alfredo que nos casou!
A lembrança do dia com a medalha da Sagrada Família que foi benzida no fim da Missa e que distribuímos por todos os que estavam connosco nesse dia.
Aqui não podia deixar de falar do ... vestido!
Trata-se de um casaco que não é conjunto com o vestido. De qualquer forma, o vestido faz um degradé que termina exactamente na cor do casaco. No meu roupeiro há anos e já deu muitas voltas. Cor malva / lavanda!
Um desenho do Zé Rosas. XXV (25) intervalado com as pedras dos dias dos meses do casamento, do marido e dos filhos. A data e as iniciais por dentro. Muito obrigada pelo talento, pelo desenho, pela arte e pela recordação.
O vestido e o casaco são BCBG. Sapatos: LK Beneth. Cluch: Marc Jacobs (aqui vê-se melhor). Alianças: José Rosas e Cª (este, que é o original). O marido é o meu, de há 25 anos.
Pronto! Foi assim, muita alegria. Vale a pena!
Bisou da Maria
2 comentários:
Pessoas giras sim senhor!!!
Sim senhor!
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