11/02/2013

Histórias da minha vida e regras de etiqueta ou educação.

Queridos Amigos,
Hoje no  Corte Inglés. No "corner" da Bimba & Lola, vejo estes brincos e logo fico com vontade de os por na minha orelha numa ode à Primavera. Pronto! Ía apenas buscar uma alça de uma carteira que por lá ficou esquecida numa encomenda que me tinham feito (estou a transformar-me numa autêntica shopper "por conta"... Há as personal shopper , mas eu, por enquanto, sou uma shopper por conta que toda a gente me pede que lhes compre coisas. Lá confiam no meu gosto e eu gosto acima de tudo de fazer a vontade às pessoas e de as ver bonitas e não resisto e lá vou).
E lá vi este brincos  e não descansei enquanto não pus a minha orelha tipo canteiro de flores com sabor a primavera. Como tenho 3 furos na orelha veio mesmo a calhar. 8 euros os brincos, preço de saldos de final de época que já levaram x+x de reduções de preço. O meu mal é que vejo logo as mil e uma funções e modos de usar as coisas e acabo por gostar sempre de tudo.




Saio do Corte Inglé vou para a Silva Carvalho (Campo de Ourique) e estaciono em frente do Mini Preço que precisava de compras para casa. Sítio de paragem do eléctrico e, como ele chega na hora em que largo o carro (!) ponho-me a disfarçar e não saio dali que acho mesmo indecente que uma anormal como eu estacione quase ao lado da saída do eléctrico. Mas o eléctrico não saía dali e pus-me a pensar que seria o meu carro mal estacionado (acontece muitas vezes em Campo de Ourique). Mas não era isso. Percebi que o eléctrico nem tinha condutor e depois percebi que estava a ajudar uma senhora de idade a tirar os sacos. Vou e pergunto se precisa de ajuda. Que sim, que a senhora (velhinha) estava muito carregada. Ajudei a tirar as coisa e levei-a aonde ela quis, a Senhora B. Com "40 contos" de reforma, anda nos "caixotes do lixo". Os caixotes do Pingo Doce da Lapa e os outros nos dias em que deitam coisas fora porque estão no último dia do prazo. E que querida era a Senhora B. Uma riqueza, uma ternura, um amor. Como me agradeceu. Mas como? Ainda há dias uma jovem me ajudou, a mim, com o carrinho do Mini Preço atulhado de coisas e mo levou ao carro. Como não podia ajudá-la eu agora???
E lembrei-me daquele rapaz bonito, bem educado, na força da juventude, coração grande e cabeça no sítio que vi
ajudar uma pessoa no supermercado depois de a ter deixado passar para a frente, Isso sim que é boa educação, regra de etiqueta, finura no trato, exemplo para todos.
Esse mesmo rapaz, cara e corpo de modelo, que passou as suas férias num centro de deficientes profuntos a trabalhar no duro, limpar o chão, fazer as camas, dar-lhes o pequeno almoço na boca com eles a babarem-se e que, só a seguir, ía tomar o mesmo pequeno almoço com a imagem da baba na cabeça. Rapaz que quando viu a mãe que o lá foi visitar lhe pediu desculpa por não lhe dar um abraço porque ... cheirava a lexívia. Este sim, rapaz grande e bonito, que leva dentro dele (não fora) um carimbo para ser feliz neste mundo.
E como este: tantos!
E isto sim, é estilo.
Depois penso nas dondocas do "encarnado e não vermelho", na "carteira e não mala" e acho isso tão ridículo, tão ridículo que me apetece só dizer vermelho e mala. E eu digo sempre vermelho e digo sempre carteira, mas já percebi que em Lisboa isso é porta-moedas e gera equívocos.
Odeio gente afectada. Abomino. Odeio gente que continua a dizer "está de esperanças" porque ouviu assim as suas avós quando não havia testes de gravidez e, por isso, limitavam-se à esperança de que fosse um bebe. Mas agora sabemos que logo que há união de um espermatozóide com um óvulo, há um bebé e não há "esperanças" mas a certeza de uma gravidez. E não faz qualquer sentido continuar a dizer com aquela voz afectada que "a menina está de esperanças". Os testes são praticamente infaliveis e estamos no séc. XXI.
De facto, as regras de etiqueta não podem cheirar a mofo nem a manias nem a nostalgias do passado. Isso cheira a naftalina e a gente pouco culta.
As regras de etiqueta têm - SEMPRE - uma explicação. Dizer encarnado em vez de vermelho até pode ser considerado saloio porque é um regionalismo lisboeta. Além disso, "encarnado" é cor de carne e, desse ponto de vista, é uma palavra feia (com sabor a talhante). Vermelho é o nome da cor, como diz o dicionário. Eu sou de Viseu e digo vermelho. Por essas e por outra é que eu trato os meus filhos por tu (a inversa não) e faço questão de fazer o mesmo com os amigos deles (quando gosto deles) porque isso dá mais proximidade e porque odeio gente afectada, mais uma vez.
As regras de etiqueta são-no precisamente porque são regras de boa educação. Vamos lá ver:
  1. O homem deixa sempre passar primeiro a rapariga pelas portas (ou a pessoa mais importante pela idade, estatuto ou o que seja): tem razão de ser porque isso implica dar-lhe primazia.
  2.  Deixar a pessoa mais importante ou a rapariga ir pelo lado de dentro do passeio (excepto quando choveu por causa das goteiras) porque fica mais resguardada e lhe é mais confortável.
  3. Um rapaz/homem sobe sempre as escadas à frente de uma rapariga/senhora mas desce-as atrás delas porque, na primeira situação, isso implica deixar a rapariga à vontade e não a colocar em situação embaraçosa no caso de ter saias e, na segunda situação, significa dar-lhe primazia.
  4. A mesa: a forma como se colocam os talheres, os copos, os guardanapos e como se serve à mesa tem a ver com facilitar a vida às pessoas que se sentam para tomar a refeição.
  5. O convidado mais importante fica sempre à direita da dona da casa e a mais importante à direita do dono pela importância que se lhes atribui enquanto pessoas, seja pela idade, seja por qualquer outro motivo.
  6. Etc., etc., etc
O que a mim mais me irrita que sou mulher da Beira Alta é andar para aí gente que diz que é muito fina e sabe muito e de regras de etiqueta sabe tanto como eu de motores de aviões e inventa assim umas regras que mais  não são do que uma perversão ou, quando muito, uma opinião pessoal muito discutível que, em vez de ajudar as pessoas a perceber o que é de boa educação, as confunde mais. Normalmente são os mesmos que olham para as pessoas da província como os "parolos" ou "saloios" (nem sabem que os saloios são os da zona de Lisboa). As pessoas têm de perceber o porquê das coisas. Se não, não vão lá e tudo se torna contrapoducente.
Há coisas que, sinceramente, eu não gosto como seja dizer "a minha esposa". Eu acho que deve dizer-se "a minha mulher". E também acho inapropriado dizer "bom proveito" à mesa e antes das refeições. Pergunto-me a mim mesma porquê. Quanto à "esposa" acho que é mesmo azeiteiro, com todo o respeito que me merecem as pessoas que o dizem (não se preocupem que eu acho que doses de azeiteiros até é saudável) e que não é apropriado para designar a pessoa com que se almoça, janta e dorme todos os dias. Demasiado cerimonioso e sem justificação. Quanto ao "bom proveito" acho mesmo que é porque nós comemos como seres humanos e não é pelo simples "proveito", seja ele "bom", "mau" ou "assim assim". Novamente: com todo o respeito que me merecem as pessoas que o dizem. Se a mim mo disserem de certeza que levam com um "muito obrigada e igualmente" que, apesar de tudo, proveito todos queremos e se for "bom" ainda mais. Também me faz uma enorme confusão as mulheres que dizem "obrigado" porque as mulheres devem dizer "obrigada". Os homens é que dizem "obrigado". Mulher é mulher e não é homem. Não percebo porque é que dizem sempre "agradecida" mas depois dizem "obrigado". Já viram mulher dizer "agradecido"? Não? Então porque dizem "obrigado"? 
Depois há aquelas coisas absolutamente insuportáveis porque simplesmente, metem nojo e, por isso, traduzem má educação. Vamos lá ver:
  1. Palitar dentes à hora das refeições (e mesmo com a mão à frente, de lado ou seja lá como for)
  2. Falar com saliva dos lados da boca  ou dentro dela (eu tinha um professor assim e não conseguia ouvir nada do que dizia porque estava sempre a ver quando aquilo lhe caia da boca para fora. Nunca caiu mas fazia bolhas e bolas enquanto falava...)
  3. Comer de boca aberta
  4. Servi-se  no prato como se não houvesse amanhã (=prato cheiro)
  5. Cheirar mal
  6. Falar para cima das pessoas, à distância de uma unha negra
  7. Falar e estar sempre a dar cotoveladas em quem ouve (a cada "percebes?", "estás a ver?", "ouviste?", "que achas?" lá vai cotovelada)
  8. Deitar perdigotos quando se fala (guarda chuva precisa-se)
  9. Mexer no nariz. Nem que seja dentro do carro e ao volante. Quantas vezes olho para o lado e vejo um homem a "limpar o salão" e me apetece dizer "seu porco"! Mete-me um nojo que só visto. Nunca vejo mulheres a fazer isso, mas homens é mato e é sempre nos semáforos e ao volante. Isto só devia ser permitido com vidros fumados que não deixassem ver para fora.
  10. Em público (ou privado, excepto num único lugar) deixar "sair ar" do corpo, seja pela porta principal, seja pelas traseiras.
  11. Contar coisas íntimas em público (nem que seja com a amiga no balneário do ginásio ou no cabeleireiro, onde toda a gente ouve)
Depois há coisas mais subtis mas mais ordinárias e mais rascas ainda. São de má educação, mas entram no foro do mau carácter. Vamos lá ver:
  1. Insinuar-se ao chefe / à chefe para obter favores que não se conseguem (ou seriam mais difíceis) pela competência profissional
  2. Fazer a vida negra a colegas (subordinados ou não) para os retirar do caminho e subir à conta
  3. Ir para o trabalho com um decote até ao umbigo ou roupa interior vermelha por baixo de calças brancas transparentes a ver se alguém finalmente lhe dá (qualquer tipo de) crédito
  4. Ir para o trabalho assediar colegas mulheres sendo incapaz de olhar para elas como seres humanos, mas apenas como fêmeas em época de caça
  5. Ir para o trabalho à procura de relações que com o trabalho nada têm que ver e, à conta disso, subir na carreira ou ganhar créditos, seja de que tipo for.
  6. Não reconhecer o mérito das pessoas e, com expedientes mentirosos de pessoa mal formada, roubá-los para si.
  7. Ir para o trabalho fazer o que não se faz em casa simplesmente por lá passar as horas que se devia passar em casa
  8. Etc que a minha lista é longa. Já passei por muito e a experiência é vasta...

Quanto aos brincos: gostam? Não é tão inspirador? Mesmo para quem tem só dois furos na orelha, um ao lado do outro e em baixo, fica  giro ou não? E na outra orelha pode usar-se um brinco diferente a combinar (não se vão comprar 2 pares de brincos para isto...). Que acham? Atrevem-se ou quê?


Kisses Maria

PS: Eu sei! SIM! a reportagem do extreme makeover. BREVE! BREVE! BREVE.
A um clique deste blog!!!!

11 comentários:

Anónimo disse...

Que giros os brincos!

Agora e se não me leva a mal, essas marcas que ficam nas orelhas do uso de brincos é que são mesmo feias. Deviam ser tapadas ou disfarçadas com qualquer coisa.

Nunca furei as orelhas porque me ficou a imagem da marca que a minha querida avó tinha nas orelhas por causa do peso dos brincos. Mas, é só uma coisa mesmo minha. Não acho estético. Faz me impressão.

Mas, estes brincos são tão femininos e tão giros! Lembra a alegria.
Viva a beleza!!

Vivam os bons gestos, as boas atitudes!
Vivam quem dá de graça sem nada esperar e a quem mais precisa! Viva a juventude limpa e generosa!
Viva a beleza do amor!

Muito obrigada.
Cumprimentos

Maria disse...

Querido Anónimo: obrigada eu! Sim... também não gosto do furo pelos brincos compridos mas tive de fazer outro (à minha avó aconteceu a mesma coisa). Uso brincos desde que nasci. De qualquer forma, uma operação estética está fora dos meus horizontes... Devia ter posto um brinco a tapar. De facto, concordo totalmente: são furos a mais. E não é bonito.

Tess disse...

Dear Maria,

I've found a catholic modest fashion blog! I thought you might like!

It's very inspiring and feminine...and it is written in portuguese too.

Here it is the link: http://www.rosamulher.com/

Unknown disse...

Que risota!!!

Maria disse...

Gostamos muito de galhofa!!!!

Maria disse...

Thank you so much. I've just been visiting this blog!

Anónimo disse...

A parte de sair o ar pela porta principal ou pelas traseiras foi HILARIANTE!!!

Catarina Nicolau Campos disse...

Querida Tia!!
PARABÉNS, PARABÉNS, PARABÉNS!! Hei-de roubar este texto vezes sem conta!!
Creio mesmo que quem tem a preocupação de não falhar a rapariga, o encarnado e o estar à espera de bebé, entre outros, é porque tem alguma insegurança em relação à sua posição na sociedade.
Como se usar um determinado código significasse alguma coisa...quantos netos de taxistas não usarão este código, sem desprimor algum, e quantas famílias centenárias e bem brasonadas estão-se nas tintas para isto e para se é um beijinho ou dois??

Pena que tantas e tantos depositem as suas crenças nesta linguagem, ainda que não queiram admitir, nem sequer na intimidade.

Se temos a certeza de onde vimos e para onde vamos, este tipo de respeitos humanos não podem ter cabimento.

E a tia tem toda a razão, tudo tem a sua história!! Por exemplo, sanita foi uma marca conhecida de retretes, o encarnado definitivamente não é vermelho, e SIM, SIM, SIM, estou grávida!! À espera de bebé(s) fiquei eu no momento em que me casei! ;)
Mil beijinhos!

Maria disse...

Catarina! quantas saudades! Um beijinho muito grande! Isabel

Anónimo disse...

Amiga Isabel
Que comédia engraçada o seu texto.
Obrigado(s, também se houve dizer e
uma senhora levantar-se para cumprimentar um homem, também há quem não saiba que as senhoras não se levantam, e também não se diz esposo, enfim.
Acho que faz mto bem escrever sobre
regras de educação e boas maneiras.
estou desejoa de ver o make over.
Um grande abraço e bjs
Edite

Maria disse...

A minha amiga Edite! É uma senhora, no verdadeiro sentido da palavra. Sim! Uma senhora vê-se por esses pequenos detalhes. E não se levantar para cumprimentar um senhor é um deles (excepto, claro, se for um homem a quem se deve reverência por qualquer motivo). Sim! Mas isso já é "muito à frente"... Boa Edite! Ainda bem que nós sabemos estas regras. Um beijinho que tantas saudades suas eu tenho! PS: só uma que não me escapa: agora vejo miúdas - bem sei que são muito miúdas - que não só se levantam quando chega um rapaz como ... se sentam logo no colo dele!!!!(pode ser que aprendam com a idade, mas tinha de haver alguém que as ensinasse....)