24/01/2013

Non stop. Estou verde.

Queridos Amigos,
Olho para o espelho e assusto-me. De repente pareço-me  velha e cansada,   Assustadora. 
Trabalho sob pressão e sem fim e não sei como estou aqui a escrever este post depois de um dia de trabalho que eu achei que não ía acabar e só queria
conseguir chegar a casa e jantarmos juntos. Por um motivo ou por outro não nos conseguia juntar todos à mesa do jantar desde a semana passada (!) e hoje sentia saudades e necessidade disso.
Nestes dias entro cedo no escritório, não saio para almoçar, não penso em mais nada se não em impostos, relatórios de inspeção,  encargos financeiros, participações de capital, prestações acessórias, divergências de entendimentos, SGPS, regimes fiscais, pareceres vinculativos divergentes e dançar o vira que esta gente toca ...Atulhada em papéis, dossiers, códigos  que mudam todos os anos e hoje tinha o do 2007 até ao de 2010, abertos: todos!, não encontro o papel que acabei de largar, as coisas começam a ir para o chão e é a desarrumação caótica em que só eu me entendo. E depois, no fim é o "carapau" (o que é que isto quer dizer???? nunca ouvi e acabei de inventar) a numerar 60 páginas da melhor literatura jurídica em forma de articulado, à mão que não sei fazer automático. O word não funciona com numeração, não entende como queremos e se tentamos fazer de forma automática é o caldo entornado. Dá-me aquele nervoso miudinho que só visto. Estive de manhã à noite, non stop, neste "retiro", doem-me as mãos de tanto teclar e fico assim, com uma cara esverdeada que toda a gente me pergunta o que tenho e eu simplesmente respondo a verdade: "falta de reboco". Nunca há nada melhor que a verdade. Simples e desarmante.
Nestes dias a farda são sempre as mesmas calças confortáveis, camisola interior, camisa,  camisola 100% lã e mais um casaco de lã por cima. Tenho de me sentir quente para o cérebro carburar. Tem estado frio! Nos dias mais quentes às vezes sinto-me mal e nem percebo e é porque fico tão quente com tanta roupa que aqueço demais! E depois, como a franja me aflige que não consigo ver bem e parece que me tolda o fuir do pensamento, encho a cabeça de molas. Esta é a minha farda de trabalho a sério. Uma farda de guerreira a lutar pelo que se tem direito. Apetecia-me tirar uma fotografia assim e pô-la aqui. Servia para se divertirem mas este look não é nada construtivo. Olho para o espelho e assusto-me. De repente pareço-me  velha e cansada,   Assustadora. Mas estou a servir a causa pela qual me contrataram e tem de chegar a bom porto no... prazo! Prazos!
Agora, embora amanhã me espere outra maratona (de outra natureza, graças a Deus!) sinto-me bem. Estou tranquila porque acho -tenho a certeza - que vou ganhar isto. Tenho de ganhar. E se não ganhar, venho para casa coser meias que é uma coisa inútil ao preço que elas estão e pelo ar que dão meias cosidas....(aqui em casa as meias nunca vêm com um buraquinho, vêm sempre com buracões enormes, às vezes vários, impossíveis de coser sem ficarem cheias de "tufos" e prontas a voltar a descoser... um filme).
Mas depois destes trabalhos grandes fico assim com uma sensação de vazio por dentro. Parece que dei tudo e fiquei sem nada. O meu cérebro está mesmo ôco. Esvaziou. No fundo, acho que é a sensação de ter acabado um trabalho bem feito que há-de repor a justiça e as coisas no lugar que lhes é devido. Como me sinto bem a repôr as coisas no seu lugar! Isto está inscrito no coração dos homens e acho que tem a ver com a ordem e a justiça com que o mundo foi criado. Eu não consigo viver na injustiça. Nós somos um reflexo da justiça sem fim e acho que o mito da caverna do Platão era isto que dizia. Agora dá.me para filosofias.
Depois de tanto stress como é que se pára? É verdade que me sinto vazia mas o efeito inércia impede-me simplesmente de parar. Como gostava eu de parar quando tenho de parar. Desligar quando tenho de desligar. Não consigo, as células estão cheias da "informação" da adrenalina. Como se pára de repente sem ser com alprazolan? 
Vou dormir. Acho que não vai ser fácil. Mas vou tentar,
Durmam bem todos. As vossas vidas também têm andado por estes lados, não é verdade? Eu sei que sim. Por um motivo ou pelo outro. Ou por muitos ao mesmo tempo. Eu sei que sim. Por isso estou com todos e sinto que todos estão comigo. Mas não faz mal. Quando parece que anda tudo ao contrário é quando tudo está direito porque nós sempre vemos as coisas do avesso.
Um beijinho da Maria

2 comentários:

Unknown disse...

Isto é que é uma verdadeira mulher com estilo a falar: cheia de trabalho, num nonstop!!!!
beijinhos

Maria disse...

Rosarinho! Mas vamos estar juntas o fim de semana, certo? E não vamos parar de FALAR, certo? Certo? Sim! Sim!