21/12/2012

Ontem. Na Direcção de Finanças de Lisboa

Queridos Amigos,
Anteontem Paris, ontem, na Direcção de Finanças de Lisboa (DFL). Verifiquei que aqui também chegou o Natal, com um Presépio na entrada feito seguramente por alguém com fé naquela casa (de engrenagem gigantesca, diga-se de passagem). Estou cansada de enfeites sem Presépio porque isso não é Natal. Natal  é o Presépio. Não são florinhas vermelhas e pinheiros.  Foi um conforto quando lá cheguei angustiada para uma reunião de cujo resultado depende a vida de tantas pessoas. às vezes preferia mil vezes andar a fazer outras coisas na vida do que isto.  A vida das pessoas! Nestas alturas
durmo mal, ou não durmo, fico desgrenhada, não consigo manter o cabelo alinhado e lembro-me que ganho parecenças com as mulheres da aldeia quando ficavam aflitas com alguma coisa, ou um incêndio ou quando alguém ficava muito doente e morria, elas ficavam com o cabelo assim desgrenhado. A minha avó também. Eu também. E até me custa aparecer assim.
Mas cheguei lá, vi o Presépio no hall de entrada e a minha cabeça voltou para o que importa: fazer tudo o que posso, muito para além do que devo e depois: CONFIAR com FÉ e ESPERANÇA que tudo se há-de resolver. isto e tudo o resto. E PAZ por dentro! Pronto! Que alívio. A reunião? Não sei: prometeram uma resposta para amanhã.


 Não sei se é permitido, mas eu "caçei" esta fotografia do Presépio na DFL ontem e, se não for permitido, foi a única ilegalidade que cometi até hoje neste espaço.  O futuro a Deus e ao discernimento pertence e não sei, não sei porque a desproporção do que exigem e do que se pode dar é igual e proporcional ao anunciado "gigantesco aumento de impostos". "Gigantesco" não foi uma figura de estilo: foi o adjectivo correcto para a realidade. Pelo menos há que dizer uma coisa: são bem educados e pedem por favor, o que é sempre bonito e fica sempre bem:


 Mas digo eu: que factura? Livro? Impressa? com todos os NIF's e CAE's? Ninguém se entende e é já para Janeiro. Informações contraditórias, burocracias como não há memória que não acompanham a realidade das empresas, a vida económica, que emperram os pequenos negócios, que não deixam as coisas rolar e a economia andar (quanto mais desenvolver-se!!!). Toma um café, vai factura; duas carcaças vai factura. No fim do mês, manda as facturas para o fisco.
Depois, de repente, chegamos lá para comprar as duas carcaças ou o jornal e a padaria ou o quiosque fecharam: não dava para o contabilista, o software de facturação e os mil papéis a entregar e tudo o mais que não tem explicação. Idem cabeleireiros e restaurantes. Como podem cobrar 5€ por um brushing ou por uma refeição, entregar ao estado 93 cêntimos, pagar segurança social dos trabalhadores (taxa superior a 23%), pagar a matéria prima, pagar custos fixos: renda, electricidade, etc. e ainda o IRC (PPP e PEC). Com que dinheiro ficam? Perto de zero ou uns trocos que dão para o parquímetro.
POR ISSO:
Factura? Apetecia-me dizer simplesmente "náo, obrigada. Estou no nível do insuportável: IRS / retenção= 25% ; IVA= 23% (nas compras do rendimento disponível após impostos). Sobram trocos e as pessoas não vivem de trocos." Mas isso é ilegal e eu não posso dizer/aconselhar ilegalidades. Mas ainda estou para ver como é que este pequenos comerciantes vão sobreviver. Depois é o catano: fecham, despedem pessoal que vai para o fundo de desemprego. Não valia a pena criar impostos compatíveis com a sobrevivências desta PME's????? O Estado recebia alguma coisa, as empresas atravessavam este período de crise na linha de água e o Estado não tinha de suportar os encargos sociais do desemprego e mantinha as pessoas activas que é o mesmo que saudáveis.
Mas posso fazer uma previsão, ai isso posso: a economia paralela vai subir em flecha, e receita fiscal vai decair de forma tão  "gigantesca" quanto "gigantesco" foi o aumento de impostos. As novidades não vão ser só para os trabalhadores e para os pensionistas quando virem o ordenado líquido no fim do mês. As novidades também vão ser para os políticos que pensam que 2+2=4 e, na cabeça das pessoas (que são humanas), isso não funciona assim. E se não fosse o desgraçado do povo, eu diria: é bem feito! E ia buscar os antecessores destes políticos e pedia-lhes contas. Do aeroporto de Beja e das auto-estradas que estão vazias e que estamos todos a pagar à custa das PPP's e do resto tudo que já sabemos. Quando derem conta desta "gigantesca" perda de receita fiscal, hão-de pensar que estão num mundo surreal (tudo menos responsabilidade deles) e com caras parecidas com esta que captei ontem no Centro Pompidou em Paris:



Vamos ter sarilho!

Beijinhos da Maria



4 comentários:

Maria Joana Pereira de Castro Sampayo de Azevedo disse...

Isab... MARIA:
É uma delícia "ouvir-te"! Até faz esqueçer as desgraças que descreves.
Recorrendo ao dito popular: "És música para os meus ouvidos".
Obrigada!! A sério, muito obrigada por esses minutos que nos dedicas e nos delicias!
Um Santo e Feliz NATAL para ti e toda a tua família.
:-) Bjnsssss
Joana Azevedo

Fernando Vouga disse...

Olá Maria

Essas pessoas que nos (des)governa, podem ser umas sumidades, mas sabem pouco da vida.
Não sabem o que são dificuldades e, alguns deles, dos mais chegados à frente, até fizeram batota nas suas habilitações académicas, para lá das passagens administrativas a granel. Não sabem que a paciência do povo tem limites e que não vale a pena apertar demasiadamente o cinto. A partir de um certo ponto, começa a vigarice, legitimada pelo desgoverno do Estado. São as cabeleireiras que fecham a porta e vão a casa, são os biscateiros que fazem tudo, são as vendas sem factura, são os expedientes mais imaginativos para contornar a Lei.
E estamos com muita sorte porque a pancadaria ainda não começou. Se não houver bom senso, os candeeiros de Lisboa não vão chegar para dependurar tanta gente.

Maria disse...

Joana!!! Que bom "ver-te" aqui! Há quanto tempo! Engraçado que toda a gente me diz que, ao ler o que escrevo, me está a ouvir falar! Todas as pessoas acham o mesmo. Se calhar é por dizer o que penso e ao sabor do pensamento.... Que BOM vires aqui. Volta, sim? Obrigada!

Maria disse...

Fernando: exactamente isso. Sem tirar nem pôr. Tal e qual!