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29/06/2020

Outra forma de usar fato



Finais da década de 80, a despontar todas as influências que marcaram os anos 90 do século passado. Ombros marcados, "poupas no cabelo", disco sound misturado com David Bowie (o mítico de quem estávamos fascinados pela música mas que só conhecemos verdadeiramente já ía o Século XXI entrado). A faculdade, noitadas e madrugadas, umas de saídas à noite e outras de estudo em véspera de exames, permanentes no cabelo [não nos deixavam fazer outras coisas que queríamos, íamos dar cabo do cabelo na Isabel Queiroz do Vale], experiências, discotecas, tabaco, idas à praia nos intervalos das aulas, cerveja (de que nunca cheguei a gostar). Livros, encontros, amigos, conhecidos, festas, jantares, queimas das fitas, Santos Populares. Tudo era uma festa. A vida não se concebia sem ser uma festa. Mesmo as noitadas a estudar, fumar e beber café, com companhia e muito, muito, muito riso. Os professores de direito. As nossas orais. Havia muito tempo [o que hoje a internet, os telemóveis as rendes sem rede consomem ?].No final de alguns - muito poucos - anos, as escolhas decisivas de vida. Encontros inesperados mudaram o rumo da loucura que foram os anos oitenta e determinaram o que hoje somos porque nada é por acaso. Para a memória ficam as horas com as amigas em frente do espelho a tentar segurar a franja em cima e para trás, os casacos de cabedal (das amigas porque em casa o limite estava longe). E quando me casei, tive um fato de calções beije com riscas: casaco curto, ombros marcados e calções. De há três anos para cá, começaram a usar-se estes calções outra vez. São uma fonte das nossas melhores memórias. Este, das fotografias, com um casaco oversize, actual, mas de enorme inspiração nos anos 90.Queríamos talvez mostrar aqui outras formas de usar fatos (oportunidades não faltarão). Esta é uma delas. Talvez não a mais inspiradora nem a que possa chegar a mais pessoas porque acreditamos que muitas não se revejam. Mas para nós trazem tão boas memórias que é isto: colocam-nos diretamente naqueles anos em que fizemos e vivemos tantas coisas de boa recordação. Não voltaríamos a fazê-las agora porque o melhor momento é o que estamos a viver agora. É assim e tem de ser assim porque temos de ser felizes e já aprendemos há muito tempo que só se é feliz  no agora. Mas as memórias boas são as únicas que devem fazer parte da vida (as outras são preciosas porque ficam para a experiência e aumentam a sabedoria). Exatamente por isso é que vale a pena, aqui e agora, viver bons momentos, boas experiências, porque eles fazem-nos passar bem e ficam guardados na memória para o futuro. 





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